P.O.V Jean.
-Jean, você precisa
se tratar. –minha mãe cínica me perturbava.
-Mas pelo o que sei,
não tenho nenhuma doença. –respondi a tudo aquilo que ela falava. –Isso é
normal!
-Claro que não. Não
é normal poder mexer tudo que quiser com apenas o pensamento. Vai por mim
filha, precisa sim.
-Argh, coisa chata!
–me retirei do quarto dela e fui para o meu, que era logo em frente. Sentei em
minha cadeira e comecei a escrever em meu...Uma espécie de diário virtual. Logo
depois me deitei e adormeci.
A noite passou
rápida e aquilo que minha mãe tinha me falado não saía de modo algum de minha
cabeça. Será que sou mesmo uma anormal da vida? Não, não posso pensar isso de
mim mesma. Sou uma garota normal e feliz. Isso! Uma garota normal e feliz que
sofre bullyng na escola por ser gótica...Que droga. Já caguei com os
pensamentos felizes.
-Filha, vem para a
cozinha tomar seu café da manhã! –meu pai berrava. Ok, não sou surda!
-Ta bom, já estou
indo! Não sou surda não, ok? –gritei em resposta. Meu pai abre a porta de meu
quarto.
-Falou alguma coisa,
filha?
-Não! Quer dizer,
sim. Falei para você parar de gritar, pois já estava indo para a cozinha tomar
o café.
-Ué...-ele diz
pensativo –Mas eu não gritei nada! Eu até ia passar aqui para te chamar. Você
deve estar sonhando acordada. –falou rindo. Dou uma risadinha falsa e assim ele
sai. O café pareceu normal e assim sigo para a escola. Que tédio! Primeiro dia
de aula, tem como não odiar? Bom. Pelo menos vou ver meu namorado, Hank. Henry
Hank Philip McCoy. Nos conhecemos há cinco anos, mas namoramos apenas há dois
meses. Ele é um amor de pessoa! Pena que assim como eu, ele também sofre
bullyng. Só que é o oposto de mim: é um gênio. E é por isso que sofre na
escola...Ele é chamado de nerd e de cdf.
-Bom dia meu amor!
–meu chuch..quer dizer, meu namorado falou para mim.
-Oi querido. –nos
beijamos e em seguida nos direcionamos até a sala de aula. Me sento onde estava
acostumada, que era atrás do nojento Scott Summers. Aquele garoto me dá anciã
de vomito! Pena que Henry não está na mesma sala que eu, temos a mesma idade,
porém ele é mais avançado.
-Hey, pensa rápido!
–diz Scott que logo joga uma bola de papel em mim. Bom, pelo menos isso me
ajudou, porque eu estava viajando no meio da aula.
-Me deixa em paz
resto de aborto. –pedi com educação, o que eu não fazia todos os dias.
-Cuidado pessoal,
ela ta invocadinha! –ele falou.
-Pare de me chamar
de invocada! –me levantei apoiando os braços na mesa.
-Oxe...Tá doida! Não
falei nada.
-Como não falou
nada? Largue de ser idiota! Escutei muito bem você me chamar de
‘’invocadinha’’.
-Desculpa me meter,
mas... Ele não falou nada mesmo não, Jean! –Bobby, um amigo meu, se intrometeu
na conversa.
-Não, não desculpo!
Vá pro seu canto que a conversa é entre eu e Scott!
-E entre eu também,
não é senhora Grey? Vocês estão na minha aula! Vão os três para a diretoria,
agora! –O professor fala. ARGH! Que bosta, hein? Primeira vez em minha vida que
eu vou para a diretoria. Não quero nem saber a cara do diretor Roberto ao ver a
gente logo no primeiro dia de aula.
-Já fizeram bagunça
hoje?! Ta de brincadeira... –ele diz em um tom debochado.
-Eu não fiz nada!
–Bobby fala.
-É verdade isso? –o
diretor pergunta para o professor Michel.
-Não sei, só vi esse
aí falando com os dois.
-Ele não fez nada.
–afirmei. –Ele só falou que esse aí não disse nada. –me referi ao Scott.
-Hm...Então ta! Pode
se retirar senhor Drake.
-Aqui é o papai que
manda! –Bobby gritou.
-Oi?
-Oh..Não, nada não
senhor Roberto. Fui! –num piscar de olhos ele não estava mais lá.
-Ah e senhor
Summers. Desde o ano passado venho falando que é proibido usar óculos na
escola. Pode tirar, por favor.
-Mas senhor...-Scott
dizia. –Por favor! É o único utensílio que restou de meu pai.
-To nem aí, pode me
dar. –eu não podia crer que acabara de escutar aquilo. Que homem mais sem
educação! É o único acessório que ele conseguiu de seus pais...Não pude
agüentar calada!.
-Escuta aqui senhor
Roberto! –falei em um tom bastante...grosso. –Sabia que é bom respeitar os
outros?
-Ah é, mocinha? Como
se você estivesse me respeitando agora.
-Mas você
desrespeitou o Scott e então merece o mesmo respeito que teve com ele! –Scott
me olhou de uma forma estranha. ‘’Essa é mesmo a Jean Grey que estou acostumado
a implicar?’’ Ele dizia com os olhos.
-Vou ligar agora
mesmo para seus pais, garota!
-Pode ligar! Agora
só me responda: o que falará para eles? Que eu exigi respeito à um colega meu?
-Hm, ér...Volte para
a sala e não faça mais bagunça! Serve para os dois!
-Tudo bem. Será um
prazer sair daqui! –Scott falou, mas ninguém reagiu, o que achei super
estranho. No caminho para a sala, puxei assunto com ele.
-Você não teve medo
de falar aquilo?
-Aquilo o quê?
-Aquilo...De ser um
prazer sair da sala do diretor.
-Mas eu não falei
isso...Pelo ao contrário, eu pensei!
-Ué..
-Bom, eu devo ter
falado então e ninguém percebeu.
-Só eu.
-Isso.
-O que os dois estão
de papinho aí? Posso saber? –o professor gritou.
-Não! –Scott respondeu
baixo. Eu e ele rimos.
Finalmente tocou o
tão esperado sino, o que significa que seria a hora do lanche. Aff, quer dizer,
recreio. Fico puta da vida quando falam ‘hora do lanche é de criança’, não, não
é. Se quiser, chamo de hora do lanchinho.
-Hey! –Hank me puxa
pelo braço. –Como foram suas primeiras aulas?
-Um completo tédio.
Fui para a sala do diretor por causa daquele Scott Summers.
-Poxa...E adivinha
quem foi a primeira pessoa a conseguir resolver três contas de matemática em
menos tempo?
-Hm...Você!
-Isso! Como você
sabe?
-Eu li sua mente.
–brinquei. –Agora vamos nos sentar?
-Vamos!
-Oi colega! –uma
garota de trajes estranhos diz direcionando-se à mim.
-Desculpa...te
conheço?
-Não, mas eu te
conheço! Jean Grey né?
-Se me conhece, para
quê perguntar meu nome?
-Ah, é você mesma.
Então. Vim aqui para lhe dar um abraço!
-Oi?
-É que você parece
minha irmã falecida...Posso te abraçar?
-Tão ta né... –me
levantei e a abracei. Depois disso ela foi se sentar com um grupinho de garotas
igual a ela. –É cada uma que me aparece.
-Pois é...-eu e Hank
nos beijamos. Bobby surge do nada e se senta ao meu lado. Puta que pariu,
sempre tem um para estragar o meu único momento de romance?
-Oi pessoinhas.
-Tinha que chegar
agora, né Bobby?
-Se quiser eu volto
mais tarde, desculpa... –ele diz se levantando.
-Não, agora que já
estragou, fica. –puxei o braço dele.
-Ok. Mulher
indecisa!
-Pois é. Nem sei
como eu a aturo. –Hank comenta.
-Ih, é bullyng
comigo agora é? –não devia ter aberto a boca. Só falar de bullyng, que chegam
os malditos alunos da sala oito xingando Hank de gordo.
-Fala pançudo! –um
deles começa a ‘brincadeira’.
-Não liga não, Hank.
-Ok, amor.
-Alá! A ruiva ta aí.
Geral vem aqui! –o garoto chama os outros da ‘gangue’ dele. –Quer que a gente
te chute? A gente chuta. –ele chega por trás de mim e POW. Um chute em minhas
costas.
-Pôh, meu irmão!
Perdeu o juízo? –Mc’coy se irrita. –Ela é uma mulher! –ele se levanta e pega o
garoto pela camisa. Bobby, como sempre, sai correndo pra ficar atrás do
banheiro. Ele sempre faz isso quando tem brigas.
-Hank, deixa ele.
-Deixa nada, ele te
chutou!
-Mas era o que pedia
naquele papelzinho que está nas suas costas! –o garoto ri. Eu passo as mãos em
minhas costas e tem lá um papel escrito ‘CHUTE-ME.’ Com certeza foi a garota
que me abraçou. Não me agüento. Levanto e com dor nas costas, vou até a mesa da
menina.
-Oi. –falei.
-Belo chute, não?
-Verdade. Não
gostaria de levar um igual?
-Ih...Sinto que o
nível vai baixar aqui. Vamos sair meninas. –ela disse.
-Pois saiba que o
nível já abaixou quando você entrou por aquela porta –falei apontando para a
porta de entrada da escola. Ela me olha como se eu fosse a mãe dela dando
bronca e segue andando. –Sua ridícula! –sem querer, faço um copo de coca-cola,
umas fritas e um hambúrguer que tinha numa mesa perto de mim, flutuarem. Alguém
coloca a mão em meu ombro.
-Se controle, filha.
–uma voz angelical me falou. Me viro e dou de cara com minha mãe.
-Desculpa mãe. –faço
tudo cair na mesa de novo. –Não consigo.
-Assim que eu soube
que você foi para a sala do diretor, vim correndo.
-Ui, a mamãe veio
salvá-la gente! –a garota ri. –Achei que essa porca fosse órfã. –Porca?
Que coisa mais ridícula. Coisa esta que me tirou dos trilhos. Fui até a garota
e dei um tapa naquela face horrível dela. Novamente o lanche começa a flutuar e
assim que eu ia jogar nela, Scott aparece.
-Não Jean. Você vai
acabar mais ainda com você mesma.
-Pelo menos eu acabo
com ela.
-Mas não valerá a
pena. Ela é só uma lesma.
-Mas...
-Seu namorado tem
razão, filha. –minha mãe me consola.
-Namorado?!
-É. Não precisa ter
vergonha! Obrigada por acalmá-la, Hank.
-De nada, tia. –Hã?
Ele está fingindo que é meu...Ora! Em casa eu explico a ela. Espera...Ele me
viu levitando o lanche? Putz! Se viu...Tenho que arrumar uma explicação pra
ele.